O dia das crianças foi criado pelo presidente Arthur Bernardes em 1924, com data escolhida de 12 de Outubro, pois foi a data em que Cristovam Colombo chegou na América, que foi chamada de "Continente-Criança" por vários séculos.
A originalidade/intuito da comemoração desta data foi sendo distorcida e seu valor sendo perdido conforme foi-se ocorrendo a troca de valores: da celebração ao consumismo.
Posso definir consumismo como "o desnecessário que todos necessitam". O apelo ao consumo é tão massacrante que nos sufocam a cada canal assistido, a cada rádio ouvida, nos gritos do carro de som ensurdecedor que passa na rua, nas pseudo-felicidades (lê-se falsa felicidade) apresentadas pelas marionetes deste teatro de fachada onde os roteiros podem ser muitos, no entanto, transmitem a mesma mensagem-mantra: "Consuma e seja feliz."
Já estamos tão soterrados de apelos ao consumismo que isto já se tornou uma crença nossa, algo difícil de mudar por estar bem interiorizado em nós tendo raízes fixas.
Não só o 12 de Outubro perdeu a sua originalidade simples e saudável, mas 25 de Dezembro, segundo Domingo de Maio, primeiro Domingo de Abril após a primeira lua cheia... também conhecido como Páscoa, entre outros, vivem longe de sua essência original.
Uma coisa é certa, há pessoas que são felizes tendo muitas posses e pessoas que poucas posses têm e são felizes também, o que elas têm em comum é o fato de que suas felicidades não foram depositadas em seus bens ou no desejo de adquirir.
O contrário também se aplica: há pessoas que pouco possuem e são infelizes e pessoas tão infelizes que a única coisa que possuem são bens. Nestes dois últimos, eles fundamentaram a vida no depósito da confiança em seus bens ou na "ansiosa solicitude pela vida". Posso terminar este parágrafo dizendo que "onde está o teu tesouro ai estará o teu coração".
Sou a favor da celebração com presentes e é muito triste quando um pai não pode comprar algo ao seu
filho, dói na alma. O que criou-se foi um modelo onde pessoas que não podem adquirir presentes se sentem descartadas por este padrão que diz que a felicidade está no comprar. Me parte o coração crianças sendo descartadas por uma regra maldita que beneficia só crianças que podem ter tudo aquilo que o dinheiro dos pais podem comprar.
É errado, entretanto, 'celebrar' está atrelado a 'comprar'. Houve a perda do foco original da ideia que seria a simples e saudável celebração da infância. Ou seja, hoje há crianças que não 'celebram', pois seus pais não podem 'consumir'.
O consumismo roubou nossa infância.